Açudes do Sertão Central iniciam recarga após seis anos de seca severa

4 de abril de 2020 - 11:29

A Bacia do Banabuiú, na porção central do Estado, ainda necessita de chuvas para continuar a recuperação dos seus reservatórios, que já começou; Região registrou até o momento aporte de 107 milhões de m³

A chegada das águas ao Sertão Central cearense ainda é tímida. Embora confirmados até aqui todos os prognósticos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), com chuvas acima da média em muitas regiões, a bacia do Banabuiú ainda registra baixos aportes e volume acumulado total inferior a 10% de sua capacidade, o menor percentual do Estado. Apesar de pequenas, as recargas até o momento são um alento para a região, que há pelo menos 6 anos convive com baixas reservas hídricas em função do prolongado período de estiagem.

A bacia do Banabuiú registrou desde o início deste ano até aqui, aporte total de 107 milhões de metros cúbicos de água. O valor representa apenas 3,5% do total de aportes em todo Estado. Apesar do índice baixo, a recarga alterou a situação de alguns açudes na região, que iniciaram o ano completamente secos e agora já abandonaram a condição. “É o caso dos açudes Vieirão, em Boa Viagem, Trapiá II em Pedra Branca, Serafim Dias, em Mombaça e São José II em Piquet Carneiro”, explica o gerente da unidade regional da Cogerh em Quixeramobim, Paulo Ferreira.

Dos 19 açudes monitorados na bacia do Banabuiú, 17 estão em condições melhores do que estavam no início do ano. Um deles, o Serafim Dias, não registrava recarga desde 2015. Outros municípios da região também enfrentam dificuldades de aporte em seus mananciais. É o caso de Boa Viagem, Piquet Carneiro e Pedra Branca, por exemplo. Hoje, estas cidades conseguem captar água dos reservatórios após as primeiras recargas. “É o início, ainda tímido, de uma recuperação. Faremos posteriormente as simulações de vazão dos mananciais para a tomada de decisões”, avaliou Paulo sobre o processo de gestão dos recursos hídricos.

Já em Milhã, o aporte ao açude Jatobá ainda não foi suficiente para ofertar água à população da cidade. O município ainda depende das águas do Rio Banabuiú, captadas através de adutora de montagem rápida. Lá, a seca ainda repercute e aguarda o fim da quadra chuvosa para possibilidades de recarga. Para o presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, situações como a da bacia do Banabuiú precisam de tempo serem revertidas. “Temos um déficit que vem se acumulando desde 2012. Então, só uma quadra excepcional para mudar esse quadro de uma só vez. Hoje, a permanecer o quadro, estamos atravessando a melhor estação chuvosa dos últimos anos, mas devemos permanecer diligentes”, ponderou.

Açude Vieirão, em Boa viagem

Para Bruno Rebouças, diretor de Operações da Cogerh, a situação da Bacia do Banabuiú evidencia uma das principais características do regime de chuvas do Estado. “A irregularidade das chuvas, tanto no tempo quanto no espaço é muito forte no Ceará. Há casos em que, numa mesma região, verificamos bons aportes em um reservatório e péssima (ou nenhuma) recarga em outro”, ressalta. Segundo ele, essa característica obriga o cearense – e, sobretudo, os que fazem a gestão das águas no Estado – a permanecerem sempre diligentes. “Mesmo que tivéssemos todos os açudes monitorados cheios não poderíamos, em nenhuma hipótese, perder de vista a necessidade do uso parcimonioso da água. Não há como saber o que acontecerá no ano seguinte, se teremos ou não chuvas/aportes”, ensina.

Desafio de fazer chegar água

O desafio de continuar ofertando a água e garantindo segurança hídrica às populações do sertão central em tempos de seca fez com que fossem instalados diversos chafarizes, poços profundos e adutoras de montagem rápida nos municípios. Tais ações podem dar uma trégua, caso os açudes recebam aportes mais significativos. “ Nesse sentido, nossa forte torcida é para que continue chovendo e que os reservatórios sigam se recuperando”, destaca Paulo Ferreira.

 

(Ascom Cogerh)