Funceme prevê 30% a mais de chuvas no ano de 2008

17 de janeiro de 2008 - 03:00

Ano de 2008 terá temperatura mais amena do que 2007. O fenômeno chamado La Niña responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico é o motivo da boa notícia

2008 terá temperatura mais amena

Pedro Leite da Silva Dias diz que é preciso saber conviver com as adversidades climáticas (Foto: Silvana Tarelho)
Clima mais frio não interfere na questão do aquecimento global, que já é irreversível, alerta especialista

O ano de 2008 terá temperatura mais amena do que 2007. O fenômeno chamado La Niña — responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico — é o motivo da boa notícia. A informação é do gerente do Departamento de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recurso Hídricos (Funceme), Alexandre Costa. Ele coordena o décimo Workshop de Avaliação Climática para o Semi-Árido Nordestino, realizado no Hotel Sonata de Iracema.

O encontro, que reúne especialistas dos órgãos de meteorologia dos Estados nordestinos, pesquisadores ligados a entidades internacionais e universidades, será encerrado com a divulgação, às 9h30 de amanhã, da previsão para a estação chuvosa da região.

A tendência, adianta Alexandre, é de que o prognóstico para janeiro a março, com chuvas 30% acima da média histórica do Ceará, se confirme para a quadra invernosa que vai de fevereiro a maio.

No entanto, a temperatura mais moderada e um inverno mais regular, em 2008, não diminuem os impactos do aquecimento global. O alerta é do diretor-geral do Laboratório Nacional de Computação Científica, Pedro Leite da Silva Dias. Ele também é membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). A entidade, ganhadora do Nobel da Paz, é intergovernamental e aberta para os países membros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Na palestra que ministrou na abertura do evento, sobre “Mudanças Climáticas e variabilidade natural: como identificá-las?”, Silva Dias avalia que o cenário global para este século é preocupante. Numa análise mais positiva, até a metade do século, a temperatura deverá subir entre 1.7 a 2 graus, e até 2090 poderá chegar a 3.7 graus. Numa visão mais pessimista e, segundo o quarto relatório do IPCC, as temperaturas no planeta podem subir até seis graus até 2099.

Em matéria publicada pelo Diário do Nordeste, no dia 8 de dezembro passado, a Funceme divulgou estudo de que a temperatura até 2100 deve subir entre um e quatro graus. A entrevista foi concedida pelo presidente do órgão, Eduardo Sávio Passos Rodrigues Martins.

Ainda sobre o relatório do IPCC, Pedro Silva Dias afirma que o aumento das temperaturas se deve “à crescente concentração de gases do efeito estufa, provocada pelo homem”.

Apesar disso, se diz um otimista sobre a questão e afirma que a Terra tem saída. “Saber conviver com as adversidades climáticas deve ser prioridade e lembrar que ações simples como acelerar o carro implica na emissão de gases”.

Para ele, é urgente o investimento em tecnologia para se diminuir a vulnerabilidade climática. “Por incrível que pareça, o brasileiro comum tem conhecimento sobre o aquecimento global, mas é preciso contribuir de fato buscando alternativas sustentáveis”.

Jornal Diário do Nordeste
17/01/2008


Lêda Gonçalves
Repórter