Manifestação paralisa obras do Eixão

31 de outubro de 2008 - 13:50

Manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragem exigem que órgãos federais e estaduais atendam às reivindicações sobre o reassentamento dos trabalhadores rurais

MORADA NOVA

Manifestação paralisa obra em trecho do Canal da Integração

Érica Azevedo
da Redação

Manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragem exigem que órgãos federais e estaduais atendam às reivindicações sobre o reassentamento dos trabalhadores rurais

12/03/2008

O trecho três do Canal da Integração tem 66 quilômetros de extensão e ligará a Serra do Félix ao açude de Pacajus (Foto: FCO FONTENELE)

Um grupo de 700 pessoas do Movimento dos Atingidos por Barrangem (MAB) e alguns representantes do Movimento Sem Terra (MST) paralisou as obras do trecho três do Canal da Integração, ocupando o canteiro da construção, no início da manhã de ontem, no distrito de Cristais, no município de Morada Nova, a 170 quilômetros de Fortaleza. Os manifestantes exigem a conclusão de obras de infra-estrutura nas casas do reassentamento e a implantação de projetos de irrigação com subsídio de água e luz para as famílias que vivem no entorno do açude do Castanhão e da Barragem do Figueiredo.

O secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Wilson Brandão, esteve no local ontem pela manhã e agendou uma reunião para hoje, às 10 horas, no canteiro de obras, com a presença de representantes de órgãos estaduais e federais, para discutir a questão. Segundo o secretário, estarão presentes, à reunião com os manifestantes, o titular da SDA, Camilo Santana; o superintendente do Departamento Nacional de Obras contra Seca (Dnocs), Elias Fernandes, e o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Amadeu de Freitas.

“Dentre as reivindicações dos manifestantes, algumas ações já foram encaminhadas e estão sendo finalizadas, outras estão no início. Algumas destas ações eram para ter sido concluídas, mas os governos passados não deram importância”, frisou Wilson.

De acordo com o coordenador estadual do MAB, Océlio Muniz, há três meses as famílias do dos 20 reassentamentos do Complexo do Castanhão não recebem a verba de manutenção repassada pelo Dnocs. “Nós chegamos aqui (no canteiro de obras) às cinco da manhã e só vamos sair quando formos recebidos pelos órgãos competentes. Fomos atingidos pela Barragem do Castanhão desde que foi feito o assentamento, há cinco anos, e ainda não fomos beneficiados com a utilização da água do Castanhão. Ocupamos o canteiro de obras do Canal da Integração porque ele representa o processo de privatização e concentração da água no Ceará”, destacou.

E-mais
As famílias dos reassentamentos da Barragem do Castanhão são do Maciço de Baturité, da Barragem do Figueiredo e do Complexo do Castanhão, no Vale do Jaguaribe. Ao todo, são 20 reassentamentos que abrigam as famílias, a maioria, de trabalhadores rurais atingidos pelas barragens.

A obra paralisada pela manifestação corresponde ao trecho três do Canal da Integração, de 66 quilômetros de extensão, que ligará a Serra do Félix ao açude de Pacajus. O trecho passará pelos municípios de Russas, Morada Nova, Ocara e Cascavel.

A previsão do Governo do Estado, no mês de dezembro do ano passado, era de que até fevereiro deste ano os trechos dois e três da obra total do Canal da Integração estariam concluídos. Até agora não há previsão para o término dos trechos, que estão em finalização, segundo a assessoria de comunicação da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra).