Ceará terá duas Unidades do Água Doce

19 de novembro de 2008 - 12:48

Começou a ser trabalhada no assentamento Mundo Novo, no município de Russas, para o atendimento de 74 famílias, a primeira Unidade Demonstrativa do Programa Água Doce a ser instalada no Ceará. Trata-se de uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, através da Secretaria dos Recursos Hídricos-SRH, em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Em cada estado há um Núcleo Estadual, instância máxima de decisão, e uma Coordenação Estadual, com seu respectivo Grupo Executivo, composto por técnicos capacitados pelo Programa em cada um dos componentes temáticos (Sistema de Dessalinização, Mobilização Social para a Gestão, Sustentabilidade Ambiental e Sistemas Produtivos, coordenados pelo órgão de recursos hídricos estadual, no Ceará é a SRH.

A segunda comunidade selecionada pela Coordenação Estadual da SRH, também situada em área assentada pelo INCRA-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no Ceará, se situará em Diamantina, município de Tabuleiro do Norte, que, de igual modo, visa o estabelecimento de uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis, usando tecnologias alternativas, para atender, prioritariamente, as populações de baixa renda residentes em localidades difusas do semi-árido brasileiro.

MUNDO NOVO

Uma missão técnica do Ministério do Meio Ambiente, Embrapa, SRH, Cogerh e Sohidra, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria de Desenvolvimento Agrária, Fundação Banco do Brasil, Semace, INCRA, DNOC, Prefeitura de Russas – que são parceiros no Água Doce – esteve, de 11 a 14 deste mês, trabalhando para a Unidade Demonstrativa que está sendo preparada para as 74 famílias assentadas de Mundo Novo, Russas-Ceará. A Unidade será parte de um sistema de produção integrado onde serão realizadas visitas, exposições, aulas e demonstrações do processo produtivo com o objetivo de replicação do modelo destinado ao Semi-Árido brasileiro. As famílias da Unidade Demonstrativa usarão o dessalinizador (muitas são as comunidades portadoras de dessalinizadores, porquanto as águas do sub-solo cearense têm um teor considerado elevado para consumo humano ou agrícola e pecuária, mas adptáveis ao criatório de peixes climatizados como a tilápia e outros).

O sistema de dessalinização fará a separação da água potável do concentrado (rejeito); o segundo passo é a produção de peixes em tanques, cujo tanque concentrará água salobra, enriquecida com matéria orgânica produzida no criatório de peixes; o terceiro passo é a irrigação dessa mesma água orgânica no cultivo da Atriplex ou erva-sal, com uma produção de aproximadamente 12 toneladas por hectare, e Fenação. Por último, a alimentação e engorda de caprinos e ovinos com a Atriplex e a fenação.

Para que uma localidade possa receber a implantação do Sistema Produtivo Integrado, além dos critérios de criticidade gerais do Programa Água Doce, deve atender as seguintes condições: vazão mínima do poço de 1.000 litros por hora e qualidade química adequada do concentrado da dessalinização; que as propriedades do solo sejam compatíveis com o sistema de irrigação da era-sal (textura, profundidade, relavo/declividade); que haja disponibilidade de área para a implantação do sistema (com titularidade pública); a presença de exploração pecuária (caprino e ovinos); e a presença de comunidade com experiência cooperativa.

IMPORTÂNCIA

O Programa Água Doce prevê a implantação de 22 unidades demonstrativas de referência, duas em cada estado atendido pelo Programa no Semi-Árido brasileiro. Para ser beneficiado pelo Água Doce

toda a comunidade deve comprometer-se com o destino adequado do concentrado ou rejeito extraído do dessalinizador de água potável, cedendo área para a instalação dos tanques de contenção ou para a instalação dos sistemas produtivos integrados.

O concentrado, resultante da dessalinização, degrada o solo e o torna improdutivo. Além disso, com as chuvas, os sais podem ser carregados e atingir os riachos, os açudes e os aqüíferos cristalinos, retornando ao poço água mais salina e prejudicando o sistema.

Jornalista Wilson Pinto
SRH – Fort. 18/11/2008