Evaporação e a falta de chuvas reduzem nível de água dos açudes cearenses

3 de abril de 2013 - 11:47

Fortaleza. A evaporação e mais a fraca pluviometria registrada nos três primeiros meses do ano são responsáveis pelo acelerado processo de redução do nível dos reservatórios cearenses. Além disso, tem-se observado um aumento no consumo, a partir do medidor de vazão instalado na entrada do açude Gavião, considerado como o maior no abastecimento de Fortaleza e Região Metropolitana. Antes, era de 8 metros cúbicos por segundo no consumo médio. Hoje, está em 9 metros cúbicos por segundo, o que implica num aumento em torno dos 10%.

As demandas por água devem aumentar, à medida que mais reservatórios entrem em níveis críticos na capacidade de armazenamento, afligindo o consumo humano e aumentando os riscos para a sobrevivência rural FOTO: WALESKA SANTIAGO

A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) estima que, até o fim deste mês, as reservas totais ficarão abaixo dos 43%. As chuvas que caíram de janeiro a março passado representaram uma recarga de 200 milhões de metros cúbicos, enquanto que a média história para o período é de 2 bilhões de metros cúbicos. Boa parte do quantitativo já foi absorvido pelo consumo e pela evaporação.

O diretor de Operações da Cogerh, Ricardo Adeodato, diz que essa é uma situação que acentua a oferta de água no Ceará, estimada atualmente em torno dos 8 bilhões de metros cúbicos. Dos 139 reservatórios monitorados pelo órgão, 71 possuem volumes inferiores a 30%.

“Nossa grande preocupação é com relação ao rebanho. Afinal as chuvas do primeiro trimestre, mesmo sendo fracas, garantem forragem de sequeiro”, observou Adeodato.

Soluções

Com isso, a Cogerh trabalha com a possibilidade de ampliar o leque de alternativas para suprir as populações do Interior de água, mas com um foco também destacado para livrar a pecuária que se encontra ameaçada de morte por fome e sede.

Por conta disso, na quinta-feira passada, em reunião da Agência Nacional das Águas (ANA) foi apresentado a necessidade de expandir o sistema de carros pipas, perfuração de mais poços artesianos e aumento da capacidade de abastecimento por adutora. “Essas demandas foram apresentadas na reunião da ANA, no sentido de se realizar um diagnósticos para ações que deverão atenuar os efeitos da seca deste ano”, disse Deodato.

Exemplo

Para o diretor operacional da Cogerh foi exatamente a disponibilidade de açudes no Ceará que tem permitido fornecimento de água para Fortaleza e Região Metropolitana, onde residente cerca de 3,5 milhões de pessoas e onde estão instaladas mais de 90% do parque industrial do Estado. “Até agora, não falamos em racionamento. Mas sim em consumo razoável e na economia, o que ainda não está acontecendo”, salientou.

Na semana passada, o presidente da Cogerh, Francisco Rennys Aguiar Frota, já havia lembrado que dos 184 municípios cearenses, apenas 27 apresentam situação que demandam maiores cuidados e que, destes 27, somente 13 estão em pior situação. Ainda de acordo com o presidente, Fortaleza é a única Capital do Nordeste que não vai precisar realizar racionamento de água. Também na semana passada, em reunião ocorrida no auditório Espaço das Águas, a reunião mensal de monitoramento das atividades da Diretoria de Operações.

Durante o encontro, Aguiar Frota apresentou os projetos aprovados pelo governador Cid Gomes para mitigar os problemas ocasionados pela seca nos municípios cearenses. Além disso, foram apresentados aos gerentes o cronograma atualizado de aquisições das gerências regionais, o quadro de evolução de dos clientes faturados – dados que apresentaram um aumento de 6% nos primeiros dois meses do ano, e o resultado financeiro por bacia hidrográfica.

O aumento em torno de 10% no consumo médio, segundo Ricardo Deodato, não é uma situação específica da seca deste ano. Ele lembra que isso já vinha acontecendo há alguns nesse período. No entanto, reconhece que as campanhas para economia e melhor uso das águas ainda não tem sido atendidas pela população da Capital e do Estado.

Irrigação

Enquanto isso, o diretor operacional da Cogerh reafirmou que não há indícios de racionamento de água para os perímetros irrigados, além do que já foi estabelecido para o Vale do Curu, em Paraipaba, no litoral Oeste.

Ele ratificou que a expectativa é de expansão dos perímetros de Jaguaribe-Apodi, Missão Velha, Tabuleiro de Russas, Araras Norte e Baixo Acaraú.

De acordo com Ricardo, o grande desafio para o Estado será a produção de alimentos para o rebanho, uma vez que há um risco de mortandade grande com a seca deste ano, que deverá aumentar a fome e a sede, caso não se tomem medidas urgentes. Ele afirmou que boa parte dessas ações ainda encontram dificuldades para sua implementação, em vista dos entraves burocráticos.

“Existe um controle muito grande dos Tribunais de Contas, dos órgãos reguladores. No entanto, devemos entender que essa é uma situação excepcional, onde é preciso pressa”, afirmou.

Modelo

“O Ceará é modelo na gestão de seus recursos hídricos, pois tem afastado assim as ações de racionamento”

Ricardo Adeodato
Gerente operacional da Cogerh

Mais informações

Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Adualdo Batista, 1550 – Parque Iracema, Fortaleza
Telefone: (85) 3218.7020

MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER